O argumento ontológico de Anselmo de Cantuária, da existência de Deus

Autor: JB Costa 

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A prova de Santo Anselmo para a existência de Deus foi chamada, a partir de Kant, prova ontológica - e também argumento ontológico. Para os leigos, ou seja só leitores de textos filosóficos e sem formação acadêmica na disciplina, essa dita prova anselmiana é uma das formulações mais complexas de tantas as que compõem o universo filosófico. Tanto é que proposta no século XI ainda hoje é discutida sua solidez lógica e conceitual. O que o difere frente os demais argumentos ´é que passa do simples conceito de Deus à sua existência. Partindo do pressuposto de que Fé requer entendimento, dado que Deus, segundo ele, concede entendimento à Fé, Santo Anselmo afirma: Certamente aquilo de que não se pode falar nada de maior não pode estar só no intelecto. Porque, se estivesse só no intelecto, poder-se-ia pensar que também estivesse na realidade, ou seja, que fosse maior. Se, portanto, aquilo de que não se pode pensar nada de maior está só no intelecto, aquilo de que não se pode pensar nada de maior é, ao contrário, aquilo que se pode pensar algo de maior.Mas certamente isso é impossível. Portanto, não há dúvida de que aquilo que não se pode pensar algo de maior existe tanto no intelecto como na realidade. Esse algo é Deus. "Simples", não?
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Nos séculos seguintes teólogos e filósofos se pronunciaram assentindo ou não com o argumento. Os mais famosos foram Leibniz, Kant e Hegel. O primeiro formulou-a como identidade de possibilidade e realidade em Deus.Só Deus, disse ele, ou seja, o ser necessário, tem o privilégio de precisar existir, se ele é possível. E como nada pode impedir a possibilidade daquilo que não encerra nenhum limite, nenhuma negação, nenhuma contradição, só isto basta para conhecer a existência de Deus. Já para Kant, a própria prova é contraditória ou impossível. Será contraditória se, já no conceito de Deus, se considerar implícita a sua existência, pois nesse caso não seria simples conceito.

E será impossível se ela for considerada implícita, pois nesse caso a existência deverá ser acrescida ao conceito sinteticamente, ou seja, por via da experiência, haja visto que Deus está além de toda experiência. Hegel, por sua vez, defende esse argumento de Santo Anselmo quando afirma que só no que é finito a existência é diferente do conceito, e que Deus dever expressamente ser aquilo que pode ser pensado só como existente, cujo cnceito implica a existência.Esta unidade de conceito e ser constitui justamente o conceito de Deus. Como se constata, Santo Anselmo deu um nó na cabeça de muita gente.

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