RITA LEE

Maior artista do rock pop brasileiro, Rita Lee lança sua autobiografia Por Guilherme Samora 
 Nos últimos tempos eu tive um privilégio pra lá de especial: vi Rita escrever sua biografia. Era um momento que nem em meus sonhos mais loucos ousei experimentar. Como jornalista e curioso, sempre gostei de livros assim. História de gente interessante me move. E vi nascer, daquelas mãos de fada com sua estrela de sete pontas tatuada, a melhor bio que já li na vida. Sem exagero. No texto, Rita é de uma honestidade... Muitas vezes brutal. Que contrasta com sua doçura e com tanto amor e leveza. Sim, ela consegue colocar no mesmo capítulo faces tão diferentes e emoções tão distintas. 

Do primeiro disco voador ao último porre, Rita é consistente. Corajosa. Sem culpa nenhuma. Tanto que, ao ler o livro, várias vezes temos a sensação de estar diante de uma bio não autorizada, tamanha a honestidade nas histórias. A infância e os primeiros passos na vida artística; sua prisão em 1976; o encontro de almas com Roberto de Carvalho; o nascimento dos filhos, das músicas e dos discos clássicos; os tropeços e as glórias. Está tudo lá. 

 E você pode ter certeza: essa é a obra mais pessoal que ela poderia entregar de presente para nós. Rita cuidou de tudo. Escreveu, escolheu as fotos e criou as legendas - e até decidiu a ordem das imagens -, fez a capa, pensou na contracapa, nas orelhas... Entregou o livro assim: prontinho. Sua essência está nessas páginas. E é exatamente desse modo que a Globo Livros coloca a autobiografia da nossa estrela maior no mercado. Sempre tive a certeza de que Rita é o maior compositor que já pisou nesse planeta (acho ruim escrever no gênero masculino, mas só assim para não deixar dúvidas de que ela está no topo dos topos). Através de suas canções, ela entrega os segredos da vida. Emoções e temas - muitas vezes complicados de se descreverem - aparecem de forma fluida, limpa, contundente. 

São revelações. Quem nunca se identificou com uma música dela? Quem é que não tem uma história com sua trilha sonora? É inegável sua importância para a cultura mundial. E com uma voz... uau! Jamais igualada. Dito isso, musicalmente a sua importância é inegável. Agora, em 2016, Rita se reinventa. Mais uma vez. Nessa, como escritora. E das melhores! Mais do que uma celebração da vida de Rita, esse livro é uma sorte nossa, que vivemos na mesma época em que ela, por saber de sua história através da própria. E, mais do que sua vida, Rita entrega aqui parte importante da história do país, da cultura mundial. Conta passagens, descreve costumes e mudanças pelas quais passamos nos últimos anos. Em um de seus inúmeros sucessos, Rita se descreve como 'uma pessoa comum, um filho de Deus'. 

Ao ler esse livro, fica provado: comum é tudo o que a vida dela não é. Convido vocês a lerem cada página. E depois me digam se não estou certo. Quanto a você, Rita, só me resta dizer: obrigado por dividir sua história com a gente. *Guilherme Samora é jornalista e estudioso do legado cultural de Rita Lee.
Rita Lee Jones, mais conhecida como Rita Lee (São Paulo, 31 de dezembro de 1947), é uma cantora, compositora, instrumentista, atriz, escritora e ativista brasileira. Conhecida como a "Rainha do Rock Brasileiro", Rita alcançou a impressionante marca de 55 milhões de discos vendidos. Rita Lee construiu uma carreira que começou com o rock mas que ao longo dos anos flertou com diversos gêneros, como a psicodelia durante a era do tropicalismo, o pop rock, disco, new age, a MPB, Bossa nova e eletrônica, criando um hibridismo pioneiro entre gêneros internacionais e nacionais Rita Lee é uma das mulheres mais influentes do Brasil, sendo referência para aqueles que vieram a usar guitarra a partir de meados dos anos 70, sobretudo as mulheres. 



Ex-integrante do grupo Os Mutantes (1968-1972) e do Tutti Frutti (1973-1978), Lee participou de importantes revoluções no mundo da música e da sociedade. Suas canções, em geral regadas com uma ironia ácida ou com uma reivindicação da independência feminina, tornaram-se onipresentes nas paradas de sucesso, sendo "Ovelha Negra", "Mania de Você", "Lança Perfume", "Agora Só Falta Você", "Baila Comigo", "Banho de Espuma", "Desculpe o Auê", "Erva Venenosa", "Amor e Sexo", "Reza", "Menino bonito" e "Doce vampiro", entre outras, as mais populares. O álbum, Fruto Proibido (1975), lançado juntamente com a banda Tutti Frutti, é comumente visto como um marco fundamental na história do rock brasileiro, considerado por alguns como sua obra-prima. Em 1976, Lee começou um relacionamento com o guitarrista Roberto de Carvalho e desde então ele tem sido o parceiro da maioria de suas canções e a acompanhou em todas suas apresentações ao vivo. Ambos tiveram o filho Beto Lee, também guitarrista, que acompanha os pais nos shows. 

Rita Lee também é vegetariana e defensora dos direitos dos animais. Com uma carreira que alcançou os 50 anos, Rita Lee passou da inovação e do gueto musical do final dos anos 60 e anos 70 para as baladas românticas de muito sucesso nos anos 80 e uma revolução musical e já se apresentou com inúmeros artistas que variam de Elis Regina, João Gilberto à banda Titãs. Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a Lista dos 100 Maiores Artistas da Música Brasileira, onde Rita Lee ocupa o 15° lugar.

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