O ROCOCÓ


Rococó é o estilo artístico que surgiu na França como desdobramento do barroco, mais leve e intimista que aquele e foi usado inicialmente em decoração de interiores. Primeiramente, desenvolveu-se na França, no século XVIII, e difundiu-se por toda a Europa. No Brasil, foi introduzido pelo colonizador português e sua manifestação se deu principalmente no mobiliário, conhecido por estilo ”Dom João V”. Na França, o rococó é também chamado estilo Luís XV e Luís XVI.

Para alguns historiadores é um estilo que durou entre 1720 a 1780, ficou vigoroso até o advento da reação neoclássica, por volta de 1770, irradiou-se da França para o resto da Europa, principalmente na parte católica na Alemanha, na Prússia e em Portugal.
O termo rococó deriva do francês rocaille, que em português, por aproximação significa “concha”, isso é significativo na media em que muitas vezes podemos perceber as linhas de uma concha associadas aos elementos decorativos desse estilo. Também pode ser associado à palavra “embrechado” que é uma técnica de incrustação de conchas e fragmentos de vidro utilizados originariamente na decoração de grutas artificiais.
A expressão “época das Luzes” é, talvez, a que mais frequentemente se associa ao século XVIII. Século de paz relativa na Europa, marcado pela Revolução Americana, em 1776, e pela Revolução Francesa, em 1789. No âmbito da história das formas e expressões artísticas, o Século das Luzes começou ainda sob o signo do Barroco. Quando terminou, a gramática estilística do Neoclassicismo dominava a criação dos artistas. Entre ambos, existiu o Rococó.
Para entender melhor os valores que essa tendência artística passa a refletir, é preciso voltar ao século XVII e verificar que durante o reinado de Luís XIV, ou seja, entre 1643 e 1715, a França viveu sob um governo centralizador e autoritário, que deu às artes uma feição clássica. Quando Luís XIV morreu, em 1715, a corte mudou-se de Versalhes para Paris e aí entrou em contato com os ricos e bem-sucedidos homens de negócios, financistas e banqueiros que, por nascimento, não pertenciam à aristocracia. Mas graças à riqueza que possuíam, tinham  condições de proteger os aristas, atitude que lhes dava prestígio pessoal para serem aceitos na sociedade aristocrata. Tronaram-se, por isso, os clientes preferidos dos artistas que passaram a produzir quadros pequenos e as estatuetas de porcelana para uso doméstico, muito ao gosto da sociedade na época.
A arte rococó refletia, portanto, os valores de uma sociedade fútil que buscava nas obras de arte algo que lhe desse prazer e a levasse a esquecer de seus problemas reais. Os temas utilizados eram cenas eróticas ou galantes da vida cortesã e da mitologia, pastorais, alusões ao teatro da época, motivos religiosos e farta estilização naturalista do mundo vegetal em ornatos nas molduras.
Na ourivesaria, no mobiliário, na pintura ou na decoração dos interiores dos hotéis parisienses da aristocracia, encontram-se os elementos que caracterizam o rococó: as linhas curvas, delicadas e fluídas, as cores suaves, o caráter lúdico e mundano dos retratos e das festas galantes, em que os pintores representaram os costumes e as atitudes de uma sociedade em busca da felicidade, da alegria de viver e dos prazeres sensuais. Além disso, possui leveza, caráter intimista, elegância, alegria, frivolidade e exuberância.
ARQUITETURA
Durante o Iluminismo, entre 1700 e 1780, o rococó foi a principal corrente da arte e da arquitetura pós-barroca. Nos primeiros anos do século XVIII, o centro artístico da Europa transferiu-se de Roma e para Paris. Na França surgiu com a obra do decorador Pierre Lepautre.
As principais características da arquitetura rococó no exterior são:
  • Menores proporções e normalmente edifícios com apenas dois andares baixos;
  • Fachadas mais alinhadas e alisadas, pois são abolidos os elementos clássicos decorativos (colunas, frontões e esculturas), mantiveram-se as balaustradas, as cornijas e os entablamentos, os ângulos retos foram suavizados por curvas;
  • Telhados de duas águas;
  • Portas e janelas maiores e com arcos de volta-perfeita;
  • Decoração exterior concentra-se nas portas e janelas, nas consolas (peça arquitetônica saliente que serva para colocar estatuetas e vasos, também chamadas de mísulas); e
  • Utilização de ferro forjado, em grades para jardins, lagos, portas e varandas.
Os jardins continuam a ser parte da arquitetura civil, tal como no barroco, e compõe-se de grandes relvados com arvoredos, esculturas, rampas e lagos, pavilhões de caça, pequenos apartamentos, pagodes chineses e quiosques turcos. Estes espaços servem de locais de reuniões íntimas com fogos de artificio, festas de máscaras e celebrações públicas.
Destacamos as características mais presentes no interior da arquitetura:
  • O salão principal é o centro das dependências à volta do qual há algumas salas secundárias e escadaria para o andar superior, onde ficam as divisões privadas dos donos da casa;
  • As divisões são baixas, pequenas, independentes, arredondadas e com pavimento parquet (tacos de madeira), iluminadas pelas portas-janelas, pelos vários espelhos e pelos candeeiros e lustres;
  • A decoração das divisões é feita com diferentes tipos de móveis: cômodas, escrivaninhas, grandes relógios, poltronas, etc. Em cima deles eram colocados bibelôs de prata e porcelana;
  • Uso de materiais que pintados imitam mármores;
  • As paredes são cobertas de decoração com cores claras, misturando-se com dourado e prateado das molduras das telas, tapeçarias, afrescos e relevos; e
  • Os cantos e os limites das paredes desaparecem totalmente sob esta decoração imensa e pela utilização dos sofitos – superfícies curvas que ligam o teto às paredes.
São exemplos dessa arquitetura, o Hôtel de Soubise, construído por Germain Boffrand e decorado por Nicolas Pineau, em Paris, entre 1736 e 1739 e o Petit Trianon, construído por Jacques-Ange Gabriel, em Versalhes, entre 1762 e 1768.
O Hôtel de Soubise, sobretudo o Salão da Princesa, é um exemplo típico do estilo rococó Nicolas Pineau criou um estuque, frisos, que emolduram quadros e espelhos, guirlandas que se entrelaçam em sucessivas linhas curvas, enfim, um ambiente tão decorado que o olhar do observador é atraído sucessivamente para os mais diversos detalhes. 

 Em terras alemãs, o estilo barroco vindo da Itália penetrou lentamente e só conseguiu plena afirmação no século XVIII, quando a Itália á se encontrava, por sua vez, assimilando as influências do rococó. Por esse motivo, é difícil estabelecer a distinção entre os estilos barroco e rococó na Alemanha. A maioria dos edifícios barrocos da Alemanha foi construída no sul católico, por volta de 1710-50, após a devastadora Guerra dos Trinta Anos. Os construtores de igrejas na Bavária foram especialmente influenciados pelo estilo rococó, exibindo uma mistura entre as diversas artes. 


 Os irmãos Asam – Cosmas Damian (1686-1739), pintor de afrescos e o escultor Egid Quirin Asam (1692-1750) – combinaram seus talentos em igrejas com iluminação melodramática, espaços ilusórios e apelo emocional. O altar da Igreja do Mosteiro de Assunção, em Rohr, inclui uma imagem da Virgem Maria, que realmente paira no ar. Iluminada lateralmente e sustentada por barras ocultas, ela levita como se por milagre. 


 Os irmãos Zimmermann – Dominikus e Johann – projetaram abadias e igrejas de peregrinação em estilo rococó, como o famoso Die Wies (1745-54), na Bavária. A mistura das cores branca e rosa, delicada como porcelana predominou na igreja que se assemelha a uma caixa de joias. O mais rococó de todos foi o Pavilhão de Amalienburg de François Cuvilliés (1734-39), em Nymphenburg. O antigo anão da corte e brilhante projetista criou uma sala circular, com aproximadamente 15m de diâmetro, revestida por vidros. 


Madeiras esculpidas e filigranas em prata descem pelas paredes com displicência. Os ornamentos em estuque (esculpido por Johann Zimmermann), como harpas, violinos, borboletas e pássaros emprestam uma aparência suave. Com fundo em azul pálido, a sala possui uma delicadeza etérea que desmente o seu propósito. O exterior da agradável cúpula do pavilhão era um posto de caça ao faisão. O maior mestre barroco da Alemanha foi Balthasar Neumann (1687-1753). Engenheiro por treinamento, ele projetou o Palácio Episcopal em Würzburg, entre 1737 e 1742. Outra obra-prima de Neumann é a igreja de Vierzehnheiligen (Igreja dos Catorze Santos Auxiliares), erguida na Baviera entre 1732 e 1772. Ela é formada por planos ovais contínuos do piso à abóboda, com iluminação entrando pelas janelas transparentes. A decoração rococó invade o espaço, criando uma sensação de movimento. Entre aproximadamente 1690 e 1730, a Áustria produziu a sua cota de fantásticos edifícios nos estilos barroco e rococó. Johann Fischer Von Erlach (1656-1723) foi um classicista que combinou a contida decoração interior com elementos fantásticos da Antiguidade. No lado externo do pórtico em forma de Panteon do seu Karlskirche (iniciado em 1716), em Viena, encontram-se duas torres gêmeas, como algo nunca visto desde as Colunas de Trajano. Em Potsdam, nos arredores de Berlim, fica o fabuloso Parque Sanssouci, um dos mais belos complexos palacianos da Europa. 


O Palácio Sanssouci é a construção mais antiga do enorme parque, que possui 287 hectares. Construído em estilo rococó entre 1745 e 1747 para ser a residência de verão de Frederico, o Grande, rei da Prússia. O palácio possui um belo jardim, a leve colina foi cortada em terraços e cada degrau recebeu videiras protegidas por 168 portas envidraçadas. Profusão, sensualidade e divertimento davam o tom fundamental do barroco alemão e austríaco, complexo e dinâmico como a música de Bach ou Haydn. O rococó era alegre como uma ópera cômica de Mozart.

Historia das Artes

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